A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo. É considerada a quarta causa de morte a nível mundial, sendo expectável um aumento da sua prevalência e mortalidade nas próximas décadas.
A DPOC é hoje definida como uma doença que pode ser prevenida e tratada, com efeitos extrapulmonares consideráveis que podem contribuir para a sua gravidade.
A obstrução brônquica é usualmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas e gases nocivos. Trata-se, portanto, de uma doença claramente relacionada com o hábito de fumar.
O tempo decorrido até ao aparecimento dos primeiros sintomas desta doença é bastante variável. Os sintomas surgem lentamente e pioram de forma gradual, principalmente se o fumador persistir no hábito de fumar, ou se não for implementado qualquer tratamento. Não existe, até, forma de reverter as lesões das vias respiratórias que causam a dificuldade respiratória o que quer dizer que não há cura definitiva para a DPOC. Porém, com a intervenção terapêutica adequada, o quadro clínico pode melhorar e mesmo estabilizar, e tanto mais quanto mais precoce for o diagnóstico e tratamento.
Um dos sintomas mais comuns é a tosse acompanhada de expetoração, principalmente durante a manhã. Posteriormente, o doente com DPOC começa a sentir falta de ar, que inicialmente só surge quando o paciente desenvolve esforços físicos significativos. Com o passar do tempo, até mesmo as atividades que não exigem nenhum esforço físico, como tomar banho ou vestir-se, passam a provocar dificuldades respiratórias, e muitas vezes, infelizmente é só nesta fase que os doentes procuraram auxílio médico.
Por vezes, a DPOC é confundida com outras doenças do sistema respiratório, como a asma. Embora os sintomas sejam semelhantes, as origens das duas doenças são diferentes. A DPOC, em geral, é causada pelo tabagismo, o que não acontece tão diretamente com a asma brônquica que é, normalmente, uma doença de natureza alérgica, e hereditária. Outra diferença entre as duas é a resposta aos medicamentos broncodilatadores, sendo que na asma, a resposta é maior, o que caracteriza uma obstrução reversível nos brônquios, enquanto na DPOC a obstrução só pode ser revertida parcialmente.
Todos os fumadores e ex-fumadores que já sentiram falta de ar e/ou tosse com expetoração devem consultar um médico.
O exame mais importante, e decisivo para o diagnóstico é a espirometria, que avalia a função pulmonar, ou seja, mede o volume de ar que entra e sai dos pulmões na inspiração e na expiração. O diagnóstico precoce da doença permite uma intervenção terapêutica adequada e mais eficaz, trabalhos recentes sugerem que o diagnóstico precoce de obstrução das vias aéreas em fumadores assintomáticos aumenta as taxas de sucesso das estratégias de cessação tabágica, prevenindo a progressão da doença.
Dr. Manuel Brás
Médico de Medicina Geral e Familiar