E o casal? Fica para segundo plano?

– Mamã, papá, porque vocês estão a dar um abraço?

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Sabem aquelas frases que nos caem e fazem abanar todos? Foi o que esta simples pergunta me fez.

Quando eu e o meu marido nos abraçamos nesse dia, na cozinha, enquanto terminávamos o jantar, não havia nenhum motivo especial para o fazer. Nem nenhuma data especial. Não havia muitas razões que nos servissem para nos “explicarmos”.

Mas o que me deixou realmente a pensar foi mesmo isso: será que as nossas demonstrações de carinho são assim tão incomuns ao ponto das miúdas estranharem quando o fazemos? Hum… Fiquei a matutar.

Não douremos a pílula nem façamos da maternidade o conto cor de rosa que ela não é (não apenas isso) pois a nossa relação conjugal nunca mais será a mesma após a maternidade! E não pense que convosco será diferente. Não será! Por muito amor que haja, vão haver noites de privação de sono em que vão descarregar nele a vossa má disposição e vão haver doenças cujos nomes nunca imaginaram que vos vão tirar a alegria, e energia, daqueles dias. Vão haver colos que vos ocupam os braços desses tais abraços e vão haver histórias de adormecer que vos retira o tempo juntos no sofá a ver uma série.

E ainda que haja suporte familiar (que nem sempre existe ou está por perto) a verdade é que vão ao melhor restaurante italiano da cidade mas o vosso olhar não sai do telemóvel ansiosos por notícias e a vossa cabeça está no ser pequenino que deixaram em casa! Ou deixam o miudo num aniversario mas aproveitam esse tempo para pôr o trabalho em ordem…

No dia-a-dia nem sempre conseguimos priorizar as nossas relações. E quando essa rotina implica uns seres pequeninos exigentes, de tempo e de cuidados, é muuuito fácil que passemos tudo o resto para segundo plano.

Ainda assim, naturalmente, que o amor conjugal sai fortalecido, vinculado e atrevo-me a dizer carimbado para sempre pois há uma vida que vos une e que para sempre marcará a vossa história conjunta, independentemente do seu desfecho.

Agora lembre-se que a vossa história começou ainda antes dessa criança, aliás, foi, no fundo, o que lhe deu origem, certo?

Por isso, e como tudo o que é vivo, a vossa relação tem que ser alimentada! E isso faz-se nos momentos que partilhem, a dois ou em grupo, nas conversas das coisas banais e na definição de objetivos de vida. Nas demonstrações rápidas de carinho no dia-a-dia ou em momentos vividos apenas a dois! Na possibilidade de estarem com outros adultos sem as crianças e no momento em que todos, miúdos e graúdos, se reúnem e partilham histórias e brincadeiras.

Amem-se. E façam por ser felizes. Porque se vocês, individualmente, e também como casal, não estiverem felizes, os miúdos senti-lo-ão e, naturalmente, também não o conseguirão ser. E, afinal, não é sempre esse o nosso maior desejo: a (sua/nossa) felicidade?

E , por último: os miúdos têm que sentir, e ver, esse amor e essa felicidade! Lembre-se que eles estão sempre a observar-nos e a aprender connosco. Até na forma como expressamos os nossos sentimentos (positivos ou negativos) e os demostramos aos outros! Não há, aliás, melhor forma de aprendizagem do que com o exemplo, mas disso falaremos noutro dia.

Hoje, quero deixar apenas esta reflexão com o pequeno desafio de que, já hoje, faça algo pela sua relação conjugal!

Vamos lá ser felizes?

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