Dei-lhe mais do triplo da dose do xarope!

Terceira noite de tosse da M, tinha meia dúzia de meses. Passou o dia chata com a tosse e sem conseguir descansar.

Decido enviar mensagem ao pediatra descrevendo os sintomas e questionando se devemos iniciar algum medicamento. Diz que sim, explica-me que deve ser o medicamento X.

Como tínhamos ido à consulta há relativamente pouco tempo o Doutor tinha escrito para cada uma das meninas quais as doses a fazer de cada medicamento habitual, em caso de necessidade.

Como ainda amamentava, a M acabou por adormecer no meu colo e então pedi ao meu marido para ler no papel do médico qual a dose e trazer o medicamento.

Ele trouxe a seringa com o medicamento mas achei algo estranho. Perguntei-lhe se tinha lido bem, pois confessemos que é um bocadinho despistado. Ele vai confirmar, lê e realmente era o que estava lá. Então damos o medicamento à M.

Mantenho-a no meu colo mais algum tempo mas fiquei a matutar… Não estava convencida…

Decido ir ao telemóvel consultar a aplicação onde costumo ler as bulas dos medicamentos: crianças até 2 anos- 1,25ml.

Fiquei branca. Li outra vez. Não pode ser!!

O coração começa a acelerar e eu tento acalmar-me para poder raciocinar. Ligo para a Linha Antivenenos, para a madrinha da M (enfermeira cuidados intensivos pediátricos), e, mesmo sendo quase meia noite, mando mensagem ao pediatra a pedir-lhe a opinião.

Responde em minutos embora para mim tenha parecido muito tempo.. Diz que a dose foi efetivamente excessiva mas não potenciadora de causar nenhum quadro grave ajustando apenas a dose para o dia seguinte.


Porque vos conto isto?

Porque a culpa por vezes é mesmo o nosso maior inimigo. Nesta situação toda que vos contei, o meu pensamento final enquanto abraçava fortemente a M e pedia para que nada lhe acontecesse era “mas porque raio não foste ver a aplicação Joana?”

O erro foi do pediatra que ao fazer a lista das duas meninas, trocou a dose da mais velha. Acontece! Mas então porque motivo eu relevo e desculpo imediatamente o pediatra mas me culpo por não ter consultado a app?

Porque é que eu tenho que ser perfeita mas todos os demais podem errar?…

Por vezes, no mundo da maternidade somos mesmo as nossas maiores inimigas, exigindo mais do que podemos dar, exigindo perfeição onde há, naturalmente, erro, saibamos aceitar essas falhas como parte do processo, aceitemos que precisamos de ajuda quando andamos demasiado cansadas, baixemos um pouco a fasquia e o grau de exigência connosco próprias.

Vamos a isso?

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